lang
 
Search
A A A
Estou em:   Notícias > Notícias - Sinpefesp
  |  Entrar

Detalhes


Crianças de hoje estão muito mais fracas do que há dez anos. De quem é a culpa?

Companheiros:

Recentemente o programa Fantástico, da Tevê Globo, exibiu uma reportagem sobre um cientista esportivo que, após várias pesquisas, chegou à seguinte conclusão:
As crianças de hoje passam muito tempo desenvolvendo atividades que não exigem esforço físico, como navegar na internet. Não brincam mais na rua, não sobem mais em árvores e, em consequência, estão mais fracas do que as crianças de dez anos atrás.

O estudo foi feito na Inglaterra, por Galvin Sandercock. E o Fantástico saiu a campo para saber se o mesmo se passa com os jovens brasileiros.

“Eu vejo que alguns alunos meus, há 14 anos, conseguiam fazer certos movimentos que os de agora têm mais dificuldade de fazer” constata a profissional de educação física Kristine de Souza.

Como Kristine, acredito que todos nós, ligados à prática temos observado a mesma coisa, fato que aumenta a discussão quanto à importância da educação física e da valorização de seus quadros no combate ao sedentarismo e, também, na perfeita evolução da saúde em nosso País.

Com a realização, próxima, de dois eventos esportivos de grande alcance, como a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), o Brasil vive um momento ímpar para, com um mínimo de vontade política, construir uma Nação melhor e uma sociedade mais saudável.

Para tanto, necessita da imediata implantação de uma política eficaz de inserção do povo na prática esportiva, especialmente seus jovens que, em primeira análise, constituem-se no futuro do País.

Precisa, ainda, reavaliar seus próprios procedimentos no que diz respeito à valorização do profissional de Educação Física, com melhores salários, promoção de infraestrutura minimamente digna e muito, mas muito trabalho de base, ou seja, nas escolas.

No entanto, o que se vê é desanimador. O próprio governo brasileiro classificou a categoria como diferenciada, qualificando-a como de profissionais de Educação Física. Mas o próprio governo, através de seus ministérios, tanto o do Esporte quanto o da Educação e outros, contíguos, não seguem a própria cartilha, ou seja: não respeitam a Lei.

Tal fato é tão flagrante que me motivou a fazer gestões, junto à central sindical UGT, a qual nosso Sindicato é filiado, para atalhar caminhos no sentido de fazer com que as evidências chegassem aos órgãos públicos mencionados e, também, à Presidência da República.

Além do desrespeito à Lei, assistimos à imensa precarização da mão de obra da nossa categoria em seus mais diversos locais de trabalho.

À guisa de exemplo, eu cito as atividades desenvolvidas em academias. Exemplo que se estende aos demais setores.

Posso afirmar, até de forma jocosa, que, nesses estabelecimentos, a carteira profissional está mais ameaçada de extinção do que a ararinha-azul do pantanal, o macaco-prego ou, mesmo, o famigerado mico-leão dourado.

Os nossos companheiros não sabem o que é ser registrado; ganham abaixo do piso salarial determinado em Convenção Coletiva; executam horas extras infindáveis a troco de nada ou quase nada e, assim, permanecem num quadro de humilhação, de mão de obra praticamente escrava.

Nas escolas, a situação não é muito diferente. O profissional de educação física, em que pese a Lei, é tratado de forma coletiva, sem que se leve jamais em conta a palavra diferenciada; recebe uma ninharia, não tem equipamentos básicos para dar aulas e nem local adequado. E por aí vai...

Enquanto o Brasil desrespeita o Brasil, nossa juventude fica na base do Deus dará, essa é que é a verdade.

A pesquisa inglesa apontou os problemas que uma infância com poucos exercícios pode provocar. Por não terem uma musculatura desenvolvida, essas crianças quando adultas podem acabar tendo osteoporose, um enfraquecimento dos ossos que aumenta o risco de fraturas.

E o que fazer para sacudir essa garotada? “Estimular uma atividade física sempre para as crianças, porque isso ajuda que elas mantenham a força muscular. É questão do uso e desuso. O que você não usa, atrofia. O que você usa, melhora a sua performance, melhora a sua prática”, explica o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro, Edson Liberal.

Tudo bem. Tudo correto. Todavia, o cenário do esporte pátrio continua desolador. E o problema não se resolverá à toque de caixa, na medida em que falta comprometimento cívico por parte dos poderes públicos, que fazem vistas grossas a tanta coisa errada, beneficiando as elites em detrimento da classe trabalhadora.

José Antonio Martins Fernandes
Presidente do Sinpefesp

Escrito por: caz.sinpefesp
Postado: 11/07/2011
Número de Visitas: 3585

Return