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UGT Press - 0304 - Pobreza norte-americana

Nº 0304 - 14 DE AGOSTO DE 2012

POBREZA NORTE-AMERICANA: a pobreza norte-americana vem incomodando os intelectuais de esquerda daquele país, especialmente enxergando a inutilidade das políticas de reduções dos impostos e de diminuição dos programas sociais. Uma sociedade educada para a competição e a autossobrevivência não se dá bem com programas de ajuda às pessoas mais pobres. O resultado tem sido um esgarçamento cada vez maior do tecido social. Desde que os americanos começaram a medir sua pobreza, em 1973, ela cresceu de 11,1% para os atuais 15%, um aumento de cerca de 50%, correspondendo a cerca de quase 50 milhões de pessoas. Não é só isso: em geral, os salários baixaram e 104 milhões de pessoas estão situadas numa linha de renda de menos de US$ 38 mil por ano, o que corresponde a mais ou menos o dobro do que eles consideram "linha de pobreza". Os estudos mostram que nos últimos 40 anos houve uma baixa geral no nível de remuneração dos trabalhadores americanos. Há outros problemas pontuais: se não houvesse qualquer ajuda (seguridade social, cupons de comida, crédito fiscal sobre a renda), calcula-se que a pobreza rondaria o dobro dos 15% atuais.

MAPA SOCIAL: o mapa da sociedade norte-americana, diferentemente da nossa, não tinha forma de pirâmide, com poucos ricos em cima e uma massa de pobres embaixo. Em geral, nos países desenvolvidos, aqueles que chegaram ao Estado de Bem Estar Social, o mapa tinha a forma de losango (poucos ricos em cima e poucos pobres embaixo, com uma vasta classe média engordando o meio). Isso está desaparecendo e, em praticamente todos os países mais ricos, o losango tem se alargado na base para retratar o crescimento vertiginoso do número de pobres. Ou seja, agora tem um vértice em cima, onde se encontram os ricos, alargando-se embaixo e tomando a forma de uma igreja vista de frente. Malabarismo geométrico para retratar ou desenhar as mudanças na estratificação social. A sociedade americana está passando por isso.

CAUSAS MAIS EVIDENTES: segundo os estudiosos do assunto, as causas são: a) um número impressionante de pessoas trabalham em empregos mal remunerados; b) os problemas de raça e gênero na sociedade americana complicam ainda mais a situação: c) milhões de famílias são chefiadas somente por uma pessoa, ou o pai ou a mãe, com dificuldades crescentes; d) cresce o número de mães solteiras com filhos: e) faltam ajudas em dinheiro para mães de baixa renda com filhos; f) 20,5 milhões de pobres ganham renda abaixo da metade da linha da pobreza. Todos esses problemas são agravados por uma sociedade competitiva e tradicionalmente sem solidariedade. Uma das soluções para a situação, evidentemente, é o aumento de impostos para as pessoas ricas ou de maior renda. Este é um tema central nas eleições norte-americanas, com os dois candidatos acusando-se mutuamente de manter em seus programas o desejo de aumentar os impostos. Isso pega em Barack Obama, mas não pega em Mitt Romney.

EVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA: os Estados Unidos foram formados por colônias independentes que resultaram em uma soma de estados com legislações próprias, diferentes uma das outras. O que no início foi um exemplo para o mundo, hoje representa uma dificuldade insuperável para a adoção de políticas públicas homogêneas. Por outro lado, nos últimos 40 anos, a partir da crise do petróleo, tornou-se moda criar facilidades fiscais, seja para o recebimento de investimentos ou para, supostamente, facilitar o crescimento. Nada deu mais errado do que isso. Hoje, o mundo constata que essas políticas foram enganosas, incapazes de resolver os maiores problemas. As empresas cresceram, tiveram maiores lucros, tornaram-se poderosas e, como disse o professor Peter Edelman (Universidade de Georgetown) "o dinheiro gera poder, e o poder gera mais dinheiro. Esse é um círculo verdadeiramente vicioso... A quantidade obscena de dinheiro que corre para o processo eleitoral torna as coisas ainda mais difíceis" (Estadão, 07-08).

E O BRASIL COM ISSO? o Brasil é um Estado unitário com capacidade para, ainda, evitar esses grandes problemas. Os programas de ajuda - Bolsa Família, principalmente - mostraram-se eficientes para estancar a insatisfação social e promover um nível mínimo de renda. Precisa ser aperfeiçoado, especialmente para não ser uma ferramenta política e não fabricar dependentes eternos. Critérios precisam ser impostos com urgência. Temos uma carga tributária injusta sim, mas nada que não comporte reformas em direção aos aspectos redistributivos. Nossas guerras fiscais são administráveis e podem ser sanadas com essas reformas pontuais. Neste momento, um Estado centralizado (em termos de organização jurídica e legislações) talvez seja o nosso maior patrimônio. Há, todavia, controvérsias. Este é um assunto para especialistas e que deve ser estudado à exaustão. Resta dizer que esse modelo, que atingiu o seu ápice no governo Lula, está se esgotando e as insatisfações setoriais (sobretudo no setor público) começam a aparecer. Estamos entrando no sinal amarelo!  

NOTA DEZ: a apresentação brasileira (leia-se Rio de Janeiro) na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres merece nota dez. Embora com algumas obviedades, a primeira mostra gera esperanças de um bom papel nas cerimônias do Rio de Janeiro. Pelo menos, desta vez, não apareceu nenhuma mulher pelada! Tomara que essa linha sóbria e artística prevaleça.

REDUNDÂNCIA INGLESA: a "overdose" musical, tanto na abertura como no encerramento das Olimpíadas de Londres, embora bonita e realçando as maiores qualidades da música popular inglesa, com a exploração de ricos recursos tecnológicos, foi exagerada. Um bom motivo para não ser imitada.

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Escrito por: caz.sinpefesp
Postado: 15/08/2012
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